O AVC como professor
Há 5 anos eu tive o diagnóstico da hemiplegia esquerda (paralisação ou dificuldade de movimentar um dos lados do corpo). Mundanamente isto até assusta, mas ao perguntar se devia ter medo, tive como resposta que não e que os acontecimentos são sempre bons. Senti nesse momento que as dificuldades me trariam muita aprendizagem e compreendi que experiências desagradáveis são importantes para os processos de aprendizagem e uma base para a evolução.
No meu caso, mesmo com a hemiplegia, não me senti frustrado porque aceitei e entrei de cabeça nessa aprendizagem. Como eu participo de uma escola filosófica, sei que existem muitas diferenças entre os seres e seus processos evolutivos. Se o evento estava vindo para mim é porque eu estava precisando para evoluir. A conscientização deste fato tornou a aceitação mais fácil.
Em relação aos relacionamentos com as pessoas que faziam parte da minha rotina comecei a perceber, depois do AVC, que eu tinha comportamentos compensatórios que se baseavam na violência de discurso e às vezes até da expressão corporal. Depois do AVC comecei a perceber que não havia necessidade deste tipo de comportamento, comecei a ficar mais atento e ver alternativas comportamentais novas. Percebi que a violência atrasa a evolução porque existem mil maneiras de interagir, se existe violência é porque existe apego a uma determinada forma de Ser, se existe apego não existe liberdade, portanto, a inteligência está limitada.
As frequências determinam os comportamentos. Elas não precisam ser verbalizadas, o outro se sintoniza automaticamente. Embarcamos sem perceber na frequencia do outro, quando percebemos já estamos nos comportando como o outro . Existe um ditado popular que fala que “quando um não quer, dois não brigam”, sendo assim, para haver uma briga precisam existir dois oponentes na mesma frequência. Fazendo esta reflexão, eu consegui mudar a minha frequência e vi o mundo sob outro olhar.
Em suma, o AVC tornou-se um grande professor porque ensinou-me a prestar atenção no meu interno, coisa que passaria despercebida se este evento não tivesse ocorrido. Além disso, pela percepção do interno passei a conhecer melhor as pessoas, que no fundo, são todas iguais a mim e pude aproveitar melhor os processos de evolução.
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