Harmonia nas relações

Após um evento traumático as relações de dependência podem ser um tema para problematizar.

As personalidades dos entes envolvidos ficam evidentes porque as acomodações pessoais nos relacionamentos não podem se apresentar, visto que, isto só aumentaria as diferenças entre os participantes. 

Como existe uma depreciação natural socialmente aceita, quando um ente está fragilizado toda a relação interpessoal tem que ser repensada porque estas relações são baseadas no desequilíbrio (homem- mulher, branco- preto, adulto-criança, chefe- subordinado, cuidador- paciente são exemplos de relações desiguais).

É necessário haver uma empatia de mão dupla para que as diferenças não fiquem evidentes. Uma condição que favorece a empatia é a espiritualidade. Quanto menos espiritualidade a pessoa apresenta, menos empatia ela terá porque empatia é colocar-se no lugar do outro e quanto menos desenvolvido espiritualmente mais dificuldade a pessoa terá. 

No meu caso, após o AVC eu senti que as pessoas (incluindo parentes e amigos) procuram justificar as minhas condutas inadequadas pelo fato de eu ter tido um AVC. Isto não facilita em nada, muito pelo contrário porque o defeito deve ser trabalhado e não incluído em um pacote de discriminação ou estigmatização. Quando trabalhamos os defeitos comportamentais a pessoa evolui e torna o convívio social mais agradável. 

Existe um sentimento de repressão quando as pessoas querem ditar a minha conduta pela avaliação que elas fazem da minha vida. A minha vida é minha e de mais ninguém independente da pessoa se sentir superior a mim porque tem mais mobilidade. É importante que a pessoa (qualquer que seja ela) analise e conclua sobre o meio social, físico e psíquico com a liberdade que só a isenção do ego  e a humildade proporcionam. 

Portanto, nas relações de ajuda, uma pessoa que procura ajudar a outra a realizar uma tarefa que envolve uma mobilidade básica deve observar-se para que o ego não interfira na avaliação do que realmente pode ser feito pela outra de maneira construtiva. Para isso, é necessário uma total isenção e uma liberdade também total para que a harmonia esteja presente na relação. 

  



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