A potência de acreditar em si
Vamos falar sobre algo que, com o tempo, aprendi a valorizar de verdade: o prazer da leitura e da escrita. Hoje, vejo com clareza que essas atividades não são só uma questão de enxergar letras e formar frases. Vai muito além. Leitura e escrita envolvem mente, emoções e percepção — é um processo interno, vivo.
Depois que tive um AVC, muitas leituras me cansavam com facilidade. Mas teve um livro que virou a chave pra mim: A Religião do Cérebro, do Raul Marino Jr. Li de ponta a ponta. O que me prendeu foi a conexão entre ciência e filosofia — dois temas que sempre estiveram no meu radar. Foi aí que percebi: quanto mais a gente se interessa, menos peso a atividade parece ter. O desafio vira motivação.
Nunca fui um leitor daqueles que consome livro atrás de livro, mas sempre fui curioso e observador. Essa sede de entender o mundo me levou à escola filosófica Pro Vida, onde encontrei respostas que eu nem sabia que procurava.
Durante a reabilitação, alguns terapeutas sugeriram leituras com foco nos objetivos terapêuticos. Uniram o útil ao agradável — conhecimento e recuperação. No começo foi puxado. Tinha dificuldade de compreensão, visão embaçada, uma sensação estranha ao ler. Mas, aos poucos, isso foi ficando pra trás. Hoje, consigo perceber nitidamente como a leitura ajudou até a melhorar a minha escrita.
Escrever passou a ser algo que me preenche. Nunca imaginei que colocar palavras no papel pudesse ser tão satisfatório. Quando escrevo, sinto que estou me conectando com outras pessoas. E essa troca passou a ter muito valor pra mim. Eu já tinha certa facilidade para escrever, mas antes era só para tirar nota. Fazia o básico, entregava e pronto. Não revisava nada, porque achava que não fazia diferença.
Agora é diferente. Hoje reviso meus textos várias vezes, com atenção, me coloco no lugar do leitor. Quero que o que escrevo faça sentido pra quem lê, que gere impacto. Descobri que tenho um papel nisso tudo — não só de quem escreve, mas de quem compartilha experiências, ideias e aprendizados.
No fundo, o que marca essa nova fase é a noção de responsabilidade. Entendi que a potência não depende só do corpo. É algo que vem de dentro. Mesmo com limitações físicas, não me vejo como alguém em desvantagem. A opinião dos outros sobre minha condição pouco importa. Sei das minhas virtudes e sei o que posso construir — e tenho construído algo importante: um novo papel, produtivo e com propósito, através da leitura e da escrita.
Obrigada por compatilhar suas ideias e vivências!
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